Quando visitei pela primeira vez o serviço, reparei que se lia sobre a porta de entrada do edifício ‘Asilo da Mendicidade’. Curioso…
Na primeira vez que fui fazer voluntariado, voltei a reparar e surgiu-me imediatamente uma frase que ouvimos frequentemente: 'A história é um ciclo que se repete vezes sem conta...'.
Enfim, tive de saber um pouco mais... e então descobri que o Asilo de Mendicidade de Lisboa foi instituído por decreto de 14 de Abril de 1835, assinado por D. Maria II, com a finalidade de dar abrigo aos mendigos de ambos os sexos, e qualquer idade, naturais ou residentes em Lisboa e seu termo. Entretanto foi-lhe destinado o edifício do extinto Convento de Santo António dos Capuchos, que sofrera danos gravíssimos no terramoto de 1755 e que, desocupado devido à extinção das ordens religiosas, foi adaptado através de algumas obras. Ao longo do tempo, para fazer faces às necessidades, foi aumentado e chegou a albergar 1000 pessoas.
Posteriormente, por volta de 1928, a secção masculina foi transferida para o Mosteiro de Alcobaça, diz-se que como castigo, pois aí tinha lugar a sede de uma organização que tinha liderado uma tentativa frustrada de revolução contra esse regime. Entretanto, no seu lugar, foi criado o Hospital de Sto. António dos Capuchos.
E este Asilo da Mendicidade de Lisboa, em Alcobaça, não foi mais do que o local onde os meus avós, enfermeiros, trabalharam durante grande parte da sua vida. Recordo-me de ouvir sempre referências a ele como 'o asilo' e isto soa-me agora como se de um nome carinhoso se tratasse.
Agora sei que é o Asilo.
Sim, é curioso.
Porque a minha família volta a estar relacionada com ele.
Porque, de novo, aquele edifício alberga pessoas que mendigam por um pouco de atenção, por uma palavra amiga, por um sorriso.
Ana P.
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